🍒 Cherry Dreams in a Champagne World 🍒
Cereja e champanhe são os aromas que se desprendem de Kyungmi na menor aproximação, revelando muito sobre quem ela é. O aroma de cereja, mais marcante e vivo, reflete sua energia vibrante e sua natureza intensa e imprevisível. Já o toque de champanhe adiciona uma leveza efervescente, equilibrando sua personalidade volátil com uma doçura divertida e um charme irresistível, difícil de ignorar.
Lee Kyungmi era uma explosão ambulante de energia, e sua essência não podia ser diferente. Seu cheiro natural de cereja com notas de champanhe parecia traduzir exatamente quem ela era: vibrante, divertida e imprevisível. Não era um aroma discreto ou contido; ele chegava primeiro, risonho e efervescente, preenchendo o espaço como um convite para a bagunça e a aventura.
Em momentos de alegria — que, para Kyungmi, eram quase constantes — o cheiro de cereja se tornava ainda mais forte, adocicado e fresco, como uma tarde ensolarada de primavera. Era o tipo de aroma que animava o ambiente, que fazia as pessoas sorrirem sem nem perceber o porquê. Quando ela ria alto, contando alguma história absurda das suas viagens ou das trapalhadas ao vivo nas streams, parecia que a essência dela vibrava junto, como se espalhasse bolhas invisíveis de champanhe pelo ar.
Mas o aroma também carregava sua marca volátil. Quando ficava irritada — e ela era especialista nisso — a cereja ganhava uma acidez inesperada, mais viva e intensa, enquanto a nota de champanhe perdia a leveza, assumindo um tom quase mortal. Era fácil perceber: o ambiente mudava sutilmente, e quem estivesse por perto sentia a necessidade de pisar em ovos. E, no fundo, isso até divertia Kyungmi, que sabia que seu humor podia dominar o clima do lugar sem muito esforço.
Durante o cio, Kyungmi era como uma tempestade — impossível de conter, impossível de resistir. A leveza vibrante que sempre a acompanhava se condensava em algo mais denso, mais afiado, um magnetismo bruto que pairava no ar como eletricidade prestes a explodir. Sua voz adquiria um tom baixo e imperativo, seus gestos eram deliberados, cheios de promessas que ninguém ousava questionar. Ela não implorava, não seduzia: ela ordenava com o olhar, com o cheiro, com o toque. E por mais que alfas tentassem se impor, descobriam rapidamente que, diante dela, todo o instinto de domínio se voltava contra eles. No fim, era sempre Kyungmi quem controlava o jogo, com um sorriso torto nos lábios e a vitória gravada no perfume embriagante que deixava para trás.
Nesse período, mesmo sem querer, Kyungmi se tornava uma pequena bomba de desejo inconsciente, confundindo ainda mais quem tentasse decifrá-la.
Seu aroma deixava um rastro de confusão encantada, como quem sai de uma conversa com ela sem lembrar direito o que aconteceu, mas com a sensação de ter vivido algo inesquecível. E para ela mesma? Era liberdade pura. Kyungmi não escondia sua essência — pelo contrário, ela a usava como um estandarte brilhante de quem era, sem se desculpar nem suavizar as arestas.
Afinal, ser ômega para Kyungmi nunca foi sinônimo de fragilidade. Sua essência dizia isso melhor do que qualquer palavra: ela era viva, forte, insuportavelmente teimosa.
O som das ondas era perfeito. Kyungmi estava completamente apaixonada por tudo ali, desde o vai e vem da maré até o cheiro salgado e inconfundível da praia. Era tão bom sentir o vento brincando com seus cabelos, batendo contra o rosto aquecido. Ela se virou para a amiga ao lado e abriu um sorriso largo. — É um lugar muito especial, então. Eu gostei disso. Ele é ótimo. — Concordou com a cabeça, deixando que Sunbin a puxasse suavemente para guiá-la pelo caminho.
A surpresa veio ao avistar o barco. Os olhos dela brilharam com um misto de espanto e animação. A empolgação cresceu, mas logo deu espaço a uma pontinha de preocupação: como ela iria subir ali? Por sorte, sua amiga ofereceu a mão, e Kyungmi aceitou sem pensar duas vezes. Ela quase soltou um gritinho quando sentiu o balanço leve do barco, mas engoliu o som antes que escapasse. Não queria parecer medrosa... e, principalmente, não queria que Sunbin desistisse da aventura por causa disso.
— Okay... — murmurou, concentrando-se nas dicas da amiga. Subiu com cuidado, pisando firme, deixando o corpo ir junto. Fechou os olhos com força quando percebeu que já estava lá dentro. — Yay! Consegui! Isso é muito legal. Você costuma vir sozinha?
Soltou o ar devagar, se permitindo relaxar um pouco, e lançou um olhar curioso.
— Já caiu alguma vez?
sunbin apertou de leve o braço de kyungmi, guiando-as com passos tranquilos pela trilha de madeira que levava até o píer. o som das ondas se misturava ao canto das gaivotas, e o cheiro salgado da brisa do mar fazia cócegas suaves em seu nariz. ❝ não venho sempre ❞, respondeu, num tom calmo, quase melódico. ❝ é o tipo de lugar que guardo pra quando eu preciso respirar, lembrar que o mundo é maior do que parece ❞ completou, antes de puxar gentilmente kyungmi pela mão, acelerando um pouco os passos. os barquinhos já balançavam suavemente, presos às cordas, pintando pequenas silhuetas contra o reflexo dourado da água.
sunbin tirou algumas notas dobradas do bolso do casaco e entregou calmamente ao barqueiro, agradecendo com um aceno discreto de cabeça. ele assentiu e começou a soltar a amarra enquanto se afastava para dar espaço às duas. ❝ vem, eu te ajudo ❞ disse com a voz suave, estendendo a mão para kyungmi. a madeira do píer balançava levemente com o movimento da maré, e o barquinho não era exatamente estável — mas sunbin já tinha feito aquilo antes. firmou os pés com cuidado, entrou primeiro, e depois virou-se, segurando a mão da amiga com firmeza e puxando-a com delicadeza. ❝ devagar, só pisar no meio e deixar o corpo ir junto ❞ orientou, os olhos atentos, prontos pra qualquer sinal de desequilíbrio.
Apesar de ter uma rotina corrida e quase nunca sentir vontade de sair de casa, desde que chegou em Jeju, Kyungmi vinha se permitindo algumas aventuras. Lembrava de ter passado em frente a uma loja de música e, como boa sonhadora que era, entrou decidida: queria um baixo! Queria ser uma rockstar, pelo menos naquela tarde, e tocar todas as músicas da sua playlist "bajo bien bastardo".
Com um sorriso sonhador, piscou os olhos ao sair do devaneio e começou a dedilhar qualquer coisa que lhe vinha à cabeça — tudo completamente errado, mas ela não ligava. Não até Jae chamar sua atenção com aquele drama típico dele. Kyungmi revirou os olhos, negando com a cabeça, e ainda tocou mais algumas teclas só para provocá-lo, antes de cair na gargalhada. Foi então que aproveitou a deixa perfeita para imitar suas falas com ar teatral:
— Achocolatado? Por acaso você se esqueceu do que te ensinei sobre minha alergia a leite? — Era injusto, ela sabia. Mas também? Não se importava nem um pouco. Sabia que ele era um alfa... e aí mesmo que não ligava. Abriu um sorrisinho e sacudiu a cabeça. — Está querendo me matar lentamente com carinho? Tem refrigerante de morango? Ou de abacaxi? Talvez um suco de melão?
Enquanto ele decidia a bebida, Kyungmi voltou para o piano e tentou tocar “Someone Like You” da Adele — uma versão bem sofrida, diga-se de passagem. Mas pelo menos a voz dela compensava o desastre nas teclas.
⋆ㅤ⠀›ㅤ⠀starter fechado com @talktomi na loja de instrumentos
era engraçado como algumas conexões simplesmente aconteciam. a primeira vez que kyungmi entrou na loja tinha sido por acaso. ela entrou parecendo meio deslocada, como se tivesse tropeçado ali por engano. falaram sobre música, ele comentou algo sobre os tons de uma música que tocava no rádio da loja, e quando viu, já estava mostrando umas notas no piano. desde então, kyungmi aparecia de tempos em tempos, e jae — bem, jae começou a separar alguns minutos do dia pra ensinar uma coisa ou outra. especialmente no piano e no baixo. nada formal, nada forçado. mas naquela tarde… jae piscou, incrédulo, os ouvidos meio ofendidos com o massacre que ela acabara de fazer em cima de uma sequência simples. ❝ você esqueceu o que eu te ensinei? ❞ o tom era meio teatral, como se o coração dele tivesse acabado de partir. ele levantou dramaticamente do banquinho, caminhando em direção ao frigobar atrás do balcão. abriu a portinha e olhou pra dentro, procurando como se estivesse diante de uma grande decisão. ❝ refrigerante ou achocolatado? ❞ virou-se com as duas opções na mão, erguendo uma em cada lado.
Cansada de atormentar as pessoas para dançar com ela e já tendo provado um pouco de cada taça, Kyungmi se viu presa no olhar de uma mulher que a encarava. Por precaução, ajustou sua máscara, sentindo timidez por alguns segundos, mas logo abriu um sorriso travesso e piscou na direção dela.
Quando a viu se aproximar, sorriu de leve, mas não conseguiu segurar uma gargalhada alta ao ouvir o que a mulher disse.
— Posso te dar uma dica da primeira letra do meu nome se você aceitar dançar comigo ali! — Kyungmi apontou para um cantinho mais reservado onde poderiam se divertir juntas. — E então, você topa?
𝐎𝐏𝐄𝐍 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐓𝐄𝐑 ;
☆ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀Boram estava encarando. Não era por mal, nem mesmo muito consciente depois da terceira taça de champanhe. A curiosidade se iniciou pela roupa de muse, estava fascinada. Então, se pegou encarando o rosto mascarado. Estava um tantinho longe, a luz era baixa, não dava para arriscar um palpite de quem estaria por baixo. Infelizmente, só percebeu o que fazia quando percebeu que estava sendo encarada. Com um suspiro rendido, se aproximou e foi deixar suas desculpas: ━━ Desculpe ficar encarando, só estava tentando descobrir quem era...
Kyungmi lançou um olhar descrente para Jaehwi antes de espiar o que ele tanto fuçava naquela cesta de lã. — Teria que ter muita coragem, viu. É cada coisa que aparece... Juro que não tenho energia pra lidar com isso agora. Tá muito cedo ainda — resmungou, revirando os olhos e encarando o teto por alguns segundos como se pedisse paciência aos céus.
Voltou a tentar fazer sua correntinha e, de repente, abriu um sorriso maldoso na direção de Jaehwi. Pegou a agulha de crochê e a segurou de forma ameaçadora, como se fosse uma espada sagrada contra alfas inconvenientes.
— Mas não se preocupe. Se algum alfa aparecer por aqui, vai ter que lidar com a minha ira. Vai sair chorando, traumatizado pro resto da vida. Te prometo isso com toda a fé do meu ser — disse com confiança imaculada, rindo e acenando com a cabeça. Kyungmi gostava daquele lugar. Gostava de conhecer pessoas novas, de fingir que estava aprendendo alguma coisa, mesmo que fosse terrivelmente ruim com trabalhos manuais. Mas, ainda assim, não trocaria aquilo por nada. — Ah... por enquanto, tá tudo em paz. Nada ameaçador à vista. Toma — dissee, entregando a agulha de crochê para Jaehwi.
jaehwi encontra @talktomi em um evento apenas para ômegas e ambos decidem se inscrever em todas as atividades do dia.
━━ Olha, eu não acho que isso seja verdade. ━ Comentou, enquanto fuçava o cesto de lã para a aula de confecção de cobertores, procurando uma cor específica. ━━ Eu, pelo menos, não acredito que alguém viria disfarçado de ômega só para tentar alguma coisa. Seria doentio demais. ━ Franziu o cenho para ela e para o fato de não ter encontrado a cor que queria. Iria com o amarelo mesmo. ━━ Eu gosto de vir até a associação porque sei que estarei protegido de qualquer coisa. E eles sempre dão cursos interessantes, podemos comer aqui e ficar com os outros ômegas... Aprendi muitas coisas com os mais velhos. ━ Suspirou alto, deixando os ombros caírem e descansou as mãos no próprio colo. ━━ Não tem jeito, vou te trazer toda semana aqui e você vai tirar todas as preocupações da cabeça. Agora... Poderia me passar a agulha de crochê?
Kyungmi estava dando uma voltinha pela praia, aproveitando para beliscar umas comidinhas das barraquinhas espalhadas por ali. As mãos estavam cheias de guloseimas, copos e guardanapos, então decidiu deixar tudo cuidadosamente na areia por um momento para buscar uma sacolinha numa das tendas — como tinha visto algumas pessoas fazendo — e poder jogar o lixo fora do jeito certo.
Mas antes que pudesse dar dois passos, algo — ou melhor, alguém — chamou sua atenção.
Um cara estava falando com ela?
Ela franziu o cenho, sem entender direito, e colocou as mãos na cintura. Espera... ele estava chamando ela de suja? Sugerindo que ela jogava lixo na praia? Quer dizer... tecnicamente ela tinha jogado as coisas no chão, mas só por um segundo! Ela ia pegar uma sacola! Ela só tinha duas mãos!
— Você tá me chamando de suja? Esse lixo aqui nem é meu! — respondeu na defensiva, já abaixando para pegar tudo de volta nos braços e, com um leve exagero dramático, enfiando tudo na lixeira que ele segurava.
Depois disso, limpou as mãos e encarou o cara com os olhos bem arregalados.
— Eu gosto de tartarugas, sabia? Jamais jogaria lixo na praia! E também gosto de pinguins! Uma pena que eles não se acasalam por aqui, queria muito ver um pinguim passeando por essa areia. Enfim, eu juro que não tava largando nada à toa. Tá bom, tecnicamente tava, mas eu ia pegar depois! E você me acusou com uma piscadinha! Isso não se faz, cara-senhor. — Voltou a pôr as mãos na cintura, no clássico modo “lição de moral ativado”. — Às vezes a pessoa só tá com as mãos ocupadas, sabe?
Fez uma pausa dramática e então suavizou o olhar, respirando fundo.
— Enfim... quer ajuda? Posso ajudar?
it's time for a closed starter !
with @talktomi
Um dos problemas relacionados a sujeira da praia vinha de um mal que todo país sofre: turistas. É como se eles achassem de fato que alguém não deveria incomodar as suas férias, isso inclui quem limpa a praia. Sempre que os pais faziam ele ir até lá catar o lixo deixado para trás, é o momento que o surfista entende os vários avisos espalhados pela praia e o porquê daquilo existir. “Isso aqui é uma bagunça” Reclamou em voz alta o suficiente para que um grupo de pessoas ali pudesse ouvir. “Todo dia a gente tem que limpar a sujeira dessa galera, que age como se estivesse na casa deles” E depois de falar, se virou de costas para poder dar uma risadinha, sendo o momento que viu a mulher, dando um sorrisinho para ela e uma piscadela. “Não que eu não reclame disso todos os dias, mas as vezes é bom dá um toque pra quem ainda pode fazer diferente, certo?”
— Sorry Not Sorry @greatloverx
Kyungmi prendeu a máscara com um grampo, garantindo que ela não escorregaria do rosto sob nenhuma circunstância. Quem a visse de longe poderia facilmente pensar que estava bêbada, dada a maneira animada com que dançava com os amigos, mas a verdade é que ela mal tinha começado. Conhecida por sua resistência anormal ao álcool, o que começou com uma taça logo virou seis… e já estava a caminho da oitava.
Havia feito amizade com algumas pessoas enquanto tomava um ar e bebia algo, e agora dançavam como se fossem amigos de infância — brincando, descendo até o chão e encenando partes das músicas.
Estava prestes a pegar o microfone para finalmente pedir a música que o grupo havia escolhido quando pisou com força demais… direto no pé de alguém. O dono da taça soltou a bebida no ar. Com reflexos invejáveis, Kyungmi conseguiu agarrar o copo antes que ele tocasse o chão. O problema? O líquido já tinha voado de forma dramática — e, para seu azar, aterrissou diretamente em um cara que passava.
Ela ficou boquiaberta por um momento antes de soltar uma risada divertida. Tinha acontecido em câmera lenta, como numa cena de filme.
— Foi mal, foi mal mesmo... Mas, olha, a culpa foi sua por se teletransportar bem na direção da bebida. — Com um sorrisinho amigável, ela se desculpou também com o dono da taça, que apenas assentiu antes de ir embora.
Já ia seguir seu caminho, mas, de última hora, parou, virou-se e apontou para o rapaz que agora ostentava uma mancha de bebida na roupa.
— Oppa, quer fazer algo para mim? Vai lá pedir pra colocar para tocar Sugar Free!
Era sábado e Kyungmi não tinha muito o que fazer pela manhã, então decidiu caminhar pelos Jardins Hwan, um lugar calmo, familiar, onde ela podia pensar. E ela precisava pensar. Todas as lâmpadas da casa haviam queimado. Sim, todas. E o pior: ela tinha acabado de trocá-las. Um lote inteiro de lâmpadas bichadas. Agora estava sem luz. Tendo luz. Mas sem luz.
Suspirou, levantou os braços para o céu como quem implora uma trégua ao universo.
E foi exatamente nesse momento que levou um empurrão forte o bastante para fazê-la girar e quase cair.
Não. Isso já era demais. Era essa a resposta do universo? Que universo mesquinho! Kyungmi ficou vermelha de raiva. O cara simplesmente esbarrou nela no meio do momento dela com o cosmos — e o pior: nem pediu desculpas direito.
— Yaaa! Seu escroto! Quase me matou! — ela gritou, com os olhos marejando de raiva, e ainda fez questão de mostrar o dedo do meio enquanto recuperava o equilíbrio e a dignidade.
A comida estava tão gostosa! Kyungmi chegou a considerar abrir discretamente o botão da calça só para dar uma trégua à barriga feliz. Como não sabia cozinhar, aquele era o seu restaurante favorito, o sabor era caseiro, acolhedor, quase mágico. Ela se sentia no paraíso. Um paraíso que, infelizmente, precisava dividir com outros clientes.
Ainda sorrindo, saía do restaurante quando quase trombou com alguém na porta. Um homem.
— Ah... me desculp- — começou a dizer, mas parou no final, apertando os lábios com os dedos. — Retiro minhas desculpas.
E saiu andando com a cabeça erguida. Quase voltou só para pisar no pé dele com força, mas decidiu manter a classe. Porque claro... era ele. O mesmo cara que havia esbarrado nela nos Jardins Hwan e nem teve a decência de se desculpar.
Fala sério.
Kyungmi adorava terminar o dia assistindo todos os filmes de Jurassic World. Era completamente apaixonada por aqueles dinossauros nada fiéis à ciência, e adorava justamente por isso. Naquele dia, foi ao mercado buscar suas besteirinhas de sempre. Pegou um carrinho, pensando que talvez ainda desse tempo de emendar com uma maratona de comédias românticas. Ela estava doida para rever A Proposta.
Enquanto andava pelo corredor das pipocas de micro-ondas, ajeitava as caixas de nuggets no carrinho quando sentiu um impacto repentino. Bateu carrinho com carrinho. Ela ergueu o rosto... e ficou perplexa. "Ah, fala sério", pensou, revirando os olhos.
Só podia ser brincadeira. Era ele. O mesmo cara do restaurante. O mesmo dos Jardins Hwan. E, para piorar, ele ainda estava sorrindo pra ela.
— Olha, tem certeza de que não está me seguindo? — ela estreitou os olhos, desconfiada. — E em nenhuma das vezes me pediu desculpas. Já reparou? Se eu fosse você, tirava esse sorriso bonito do rosto.
Sim, aquilo era bizarramente específico. O universo claramente estava pregando uma peça. Ela sentia. Teve até vontade de passar o carrinho em cima do pé dele... mas, infelizmente, pela posição em que estavam, não daria.
Ela soltou um suspiro e o encarou novamente.
— Já que é a terceira vez que a gente se esbarra... será que eu tenho direito a um pedido? — perguntou com um olhar arregalado de falsa inocência, piscando os cílios com delicadeza.
É alguma piada do destino? — @talktomi Starter fechado.
Haesoo tinha tirado o sábado para tentar espairecer a mente do trabalho, resolvendo então não ficar apenas em casa, mas sim sair para fazer algumas coisas, ver pessoas, respirar um ar, ver cores vivas... coisas do tipo.
A primeira coisa que resolveu fazer foi sair para passear com seu cachorro, prendendo bem ele na coleira, pois ele ficava muito entusiasmado quando encontrava outros cachorros na rua. Foi para os Jardins Hwan com ele e se preparou para gastar toda a sua energia — essa que nem tinha muita — com as brincadeiras. Estava dando risada e competindo uma mini corrida com Namoo quando esbarrou em uma pessoa, quase levando ela com tudo para o chão, não tendo nem tempo de se desculpar adequadamente, pois a guia de Namoo se soltou de sua mão e ele saiu em disparada pelo parque.
— Desculpa, desculpa, desculpa...! — pediu para a mulher que tinha quase derrubado no chão, saindo correndo atrás de Namoo em seguida. Por sorte não teve muita dificuldade de conseguir pegar a guia da coleira dele novamente, o fazendo parar de correr. Depois desse incidente resolveu voltar para casa.
Quando Haesoo saiu novamente foi para almoçar fora, tinha ficado com preguiça de cozinhar e resolveu então comer em um restaurante. Tinha decidido ir em um de comida caseira, mais familiar, e tinha sido uma ótima ideia. A comida estava maravilhosa, mas Haesoo esperava qualquer coisa, menos encontrar a mesma mulher do parque no restaurante. E o pior, parecia que ela tinha o reconhecido pela cara que fez quando o olhou. Para a sua sorte, se encontraram apenas quando estava indo embora, assim não tendo nem tempo dela sequer pensar em falar algo. Que azar!
E por fim, no finalzinho da tarde, quando Haesoo resolveu sair novamente, dessa vez foi para passar no mercado. Agora estava com vontade de fazer alguma comida gostosa para a janta, diferentemente do almoço que tinha ficado com preguiça. Só que precisava comprar mais algumas coisas para que fizesse a receita que tinha em mente.
Estava andando pelo mercado com o carrinho de compras, passando pelos corredores com toda a calma do mundo. Não estava com pressa, sinceramente. Achava até terapêutico fazer compras em mercados. Então estava bem distraído olhando as coisas nas prateleiras com calma, quando o seu carrinho se chocou contra o carrinho de outra pessoa. Quando desviou o seu olhar para ver quem era, não conseguiu acreditar... era a mesma mulher do parque e do restaurante. Isso era alguma piada do destino?
A primeira coisa que Haesoo pensou em falar foi:
— Eu juro que não estou te seguindo… mas esse já é o terceiro lugar em que a gente se esbarra hoje — comentou, abrindo um sorriso sem graça. — Bizarro, né? — comentou, repassando na sua cabeça novamente a cena em que quase derrubou ela no chão de manhã.
Ao perceber a indignação na voz do homem, Kyungmi automaticamente fez uma carinha de coitadinha — reflexo imediato ao tom de reprovação. Ela nunca soube lidar bem com um "não", e isso sempre a deixava meio cabisbaixa. Porém, sua forma de reagir era, quase sempre, a pior possível: atacando.
— Me desculpe, senhor elegante… Mas, tecnicamente, você me deve um favor —falou com um suspiro dramático, fazendo um gesto exageraddo na direção da roupa dele.— Estava quase me cegando com esse brilho todo.
Não que a roupa fosse feia — na verdade, o homem estava incrivelmente bonito —, e Kyungmi sentia muito por ter derrubado a bebida nele. Mas, só pelo jeito ríspido com que ele a tratou, sua vontade de ser gentil evaporou.
Ela cruzou os braços e olhou para o lado, indignada. Sabia que a culpa tinha sido sua, mas o orgulho, ah, o orgulho, era maior do que a vontade de se encolher e pedir desculpas direito.
— Suas irmãs têm um gosto péssimo — resmungou baixinho, fazendo um leve beicinho. — Eu teria feito escolhas muito melhores. Inclusive, se quiser, posso te ajudar da próxima vez. É o mínimo que posso fazer depois de… arruinar sua noite.
Ela sugeriu com um gesto, tentando se fazer ouvir por cima da música alta. E mesmo contrariada, ela esticou a mão e pegou o braço dele, puxando-o de forma sutil, mas decidida, em direção ao DJ, como quem se recusa a deixar uma cena sem um desfecho digno.
— Você não vai mesmo me ajudar? — perguntou com a voz baixa, como se estivesse prestes a derramar uma lágrima. — Eu já expliquei… Foi um acidente. A escadinha, o vestido, o salto fino como uma lâmina… Olha só isso — levantou levemente o pé, exibindo o salto alto, como se fosse uma prova definitiva em um tribunal.
Ergueu o rosto devagar, encarando-o com olhos grandes e cheios de expectativa enquanto batia os cílios de forma exagerada.
— Por favor...? Está tudo dando errado pra mim essa semana… até as lâmpadas da minha casa queimaram! — falou com uma dor quase cômica, como se isso fosse o ápice de uma história muito triste. — Eu só queria ouvir uma música, dançar um pouco… E agora estou aqui, sendo julgada por arruinar um terno brilhante.
Estava começando a sentir o cansaço da festa, não era muito de ficar saindo assim, era uma pessoa mais caseira, então estava pensando se ia embora para casa ou se ficava mais um pouco. Mas antes de qualquer coisa, Haesoo queria beber pelo menos um pouquinho. Não era muito de álcool, mas estava sentindo um pouco de vontade por ver todo mundo bebendo. Foi atravessar o salão para ir atrás de uma bebida, talvez um champanhe, quando foi surpreendido ao ser atingido do nada por uma bebida. Ficou completamente sem reação por alguns segundos, tentando processar o que tinha acontecido, até ter a sua atenção chamada por uma risada.
Se antes Haesoo estava sem reação, agora vendo a mulher rir da situação que ela mesma causou e ainda colocando a culpa em si, piorava tudo mais ainda. Balançou a cabeça negativamente e resolveu que o melhor era não dar corda. Tentou fazer alguma coisa com a parte da sua roupa que estava molhada, mas nada iria adiantar, teria que colocar para lavar quando chegasse em casa e rezar para que não ficasse uma mancha. Mas novamente teve a sua atenção chamada pela mulher o pedindo um favor, o que fez com que a achasse muito abusada.
— Eu? — Apontou para si mesmo, com uma pontada de indignação na voz. — Quem devia fazer um favor aqui era você para mim. Você que fez eu ficar com a roupa toda suja assim e ainda quer me pedir para fazer algo para você? — Levantou uma sobrancelha para ela, desacreditado. Ela estava bêbada? — Você estragou a camisa que as minhas irmãs escolheram pra mim... — resmungou, tentando não deixar com que isso o afetasse muito.
Kyungmi estava empolgada para descobrir para onde Sunbin a estava levando. Tudo indicava que iriam ver o pôr do sol, e só essa possibilidade já a fazia vibrar de animação. Ela adorava apreciar paisagens bonitas, e era ainda melhor quando podia compartilhar o momento com alguém. Enlaçou o braço no da outra mulher, exibindo um sorriso enorme e genuinamente contente. — Outro universo? Agora você me deixou curiosa! Deve ser tão lindo… Acho que vou me apaixonar na hora — declarou, cheia de entusiasmo. — Você vem aqui sempre?
˛⠀⠀⋆⠀ㅤstarter fechado com @talktomi no parque costeiro de yongso
sunbin estava animada — o que, por consequência natural do universo, significava que ela estava ainda mais falante do que o normal. as palavras escapavam sem freio, acompanhadas de sorrisos, gestos empolgados e o brilho nos olhos. quando reconheceu kyungmi perto do pier, não hesitou em puxar assunto até que a ideia surgiu. ❝ você quer ver algo maravilhoso? ❞ perguntou, já tomando a frente e guiando a moça por entre os passantes. o céu começava a se tingir de dourado, e o vento carregava o cheiro salgado do mar, levantando a barra do vestido de sunbin enquanto ela descia as escadas do pier com cuidado, olhando por cima do ombro para se certificar de que kyungmi a seguia. ❝ vem, é logo ali ❞ pontou para um dos barcos tradicionais atracados ❝ você já fez esse passeio? é uma das melhores visões do pôr do sol ❞ explicou, com um sorriso suave agora ❝ a luz reflete no mar e fica simplesmente mágico. parece... outro universo ❞
— Sabe o que você pode fazer? Eu tenho uma técnica infalível! — Ela se virou animada, largando a touca inacabada no colo com total seriedade na voz. — Eu quase usei essa técnica naquele baile de máscara... mas só quase. Funciona assim: sempre que acho que preciso me vingar ou me defender, eu tiro meu sapato — disse, estreitando os olhos como se estivesse ensinando a mirar um alvo — e arremesso bem na cabeça! Juro, dá muito certo. Nunca errei!
Ela soltou uma risadinha e voltou aos pontos da touca, do jeitinho que tinham ensinado... mas que, honestamente, estavam ficando bem feios. Coitadinho dos pontos.
— Estou indo bem, sabe? Ainda me recuperando do que aconteceu em Curaçao. — Fez um pequeno bico e suspirou. — Mas estou voltando com meus vídeos. Essa semana acho que gravo algum jogando um joguinho online... ou sobre maquiagem. Talvez maquiagem enquanto jogo um joguinho online.
Ela se virou de novo para Jaehwi e sorriu, inclinando levemente a cabeça para observá-lo melhor.
— Você é incrível, sabia? Devíamos fazer uma festinha do pijama qualquer dia, com maquiagem, comidas gostosas e filmes legais! A gente podia gravar tudo como se fosse um reality show. Mas só pra gente, sem postar! Seria uma tragédia se descobrissem os pijamas com frases indecentes que eu tenho...
Espiou o que Jaehwi estava fazendo e, por um momento, esqueceu completamente da própria touca, ocupada demais admirando o trabalho dele.
— E você, como tá indo?
Jaehwi deu risada. Kyungmi era mesmo uma ótima companhia, com toda aquela personalidade alegre e fácil de lidar. Realmente acreditava que a outra seria capaz de fazer tudo o que estava dizendo, sobretudo quando se tratava de alfas inconvenientes. Aquele espaço era sagrado para ômegas, então enquanto tivesse pessoas como a outra para protegê-lo, tudo ficaria bem. ━━ Acredito e confio totalmente em você, Kyungmi-ssi. Não posso fazer muito porque sou péssimo em qualquer coisa corporal, mas posso ficar de longe jogando pedras. ━ Brincou, rindo baixinho. Agradeceu pela agulha, começando a trabalhar nas primeiras correntinhas.
━━ E como você tem passado? Como a gente só se encontrou aqui, preciso perguntar e saber tudo sobre a sua vida. Ainda está trabalhando como streamer? ━ Ergueu o olhar para a outra, curioso. Jaehwi admirava a ômega, pois ele mesmo não conseguia se ver fazendo o trabalho dela. Parecia muito difícil lidar com pessoas na internet. ━━ Estar aqui não vai te atrapalhar, né?